quarta-feira, 22 de julho de 2015

O Bagre que Crescia...

Esta história foi diferente de qualquer outra que já ouvi e requer uma pequena introdução: O Sr. Osmar, que foi o contador, teimava em dizer que ele não conta história, que história de pescador é mentirosa e que ele nem pescador é!

Mas em quinze minutos de conversa me contou três histórias incríveis...


Uma delas é essa aqui:

Eu não entendo esses pescador que falam que pesca peixão e eu sei, todo mundo sabe, que é mentira.
Eu nunca peguei peixe grande, sempre pesquei peixe pequeno.

Só naquela vez que pesquei um bagre africano...


Eu tava pescando no Candapuí, foi quando senti uma fisgada forte e sofri pra tirar o bicho da água.  Quando consegui, precisei da ajuda de um amigo pra arrancar o danado do anzol.

Foi um bagrão de mais de quatro quilos. Aquele foi  dos grandes, até parei de pescar.

Fui pra casa mas, antes, resolvi parar no bar da esquina (aquele risca-faca que fica perto de casa). Todo mundo se encantou com o peixe e ninguém acreditou que eu tinha pego um bagre africano no Candapuí, mas a prova tava lá pra todo mundo vê!


 Só de curiosidade parei na padaria e pedi pro rapaz pesar o peixão.
Quatro quilos e quatrocentos!

Pedi pra ele me dar uma etiqueta com o peso, mas ele disse que não podia.
Aí eu falei: "Então faz uma declaração desse peso que é pra ninguém duvidar!" (risos)

Bom, fui pra casa, coloquei o bagre num isopor grande que tenho lá, fechei a tampa e coloquei um bloco em cima. Fui dormir!

No outro dia...


Você vai achar que é mentira, mas não é não!

Sabe o que aconteceu?
Quando abri a tampa do isopor, cadê o peixe? Tinha desaparecido.  E a tampa ainda tava fechada, com o bloco em cima.

Agora é que você vai achar que é mentira mesmo: sabe onde ele tava?
Embaixo da roda do carro. Vivo e com a tampa do isopor fechada.

Eu fiquei me perguntando como que isso aconteceu e um amigo me disse que o bagre vai cutucando, cutucando e, nessa, ele deve ter conseguido erguer a tampa e escorregou pra fora da caixa.

Até parece mentira, eu sei... Mas não é!


Bom, mistério resolvido, eu decidi ir almoçar no Boqueirão lá no restaurante da Morena (é que às vezes eu não quero cozinhar e vou comer lá). Só que, antes, eu dei uma passada na Rosilda e, quando cheguei lá ela já veio falando, mas cê é rabudo mesmo heim?

Eu? Porque?
Porque não é todo dia que alguém pesca um bagre de nove quilos!

Nove quilos é? Foi isso que te falaram? (sorriso)

Como não tinha agrião lá, eu resolvi ir na Morena mesmo. Só que no caminho eu dei uma parada na peixaria e meu amigo veio falando:

Mas você é rabudo mesmo heim negão?
O que? Tá sabendo do bagre?
Oxe, tá todo mundo falando do bagre de doze quilos que você pescou.

Doze quilos é? Foi isso que falaram? (sorriso)

Saindo dali eu nem sabia o que pensar, veja só como são as coisas... Não fui eu que falei não, foi o povo!


Como era caminho, eu dei uma parada na Sônia. Na hora que ela me viu já veio toda rindo pro meu lado... Eu logo perguntei: "Tá sabendo?"

Ela disse que só o que queria entender era como eu tava pescando bagre africano de 16 quilos com anzol de dois centímetros no Candapuí?

Aí eu logo falei: " dezesseis quilos é? Acho que nem vou mais na Morena senão o bicho vai chegar em uma arroba!

Cê entendeu? As coisas são complicadas...

Bom, foi mais ou menos assim que ele me contou.
E se o bagre cresceu um pouquinho mais, isso faz parte. Assim são as histórias de pescador!


E quem me contou esta história foi o Sr. Osmar que diz que não é pescador e muito menos contador de história, mas mora há três anos aqui na Ilha e vive explorando e pescando nos rios da região.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O Barco Afundado Versão do Pescador...

Foi numa noite de frente fria, dessas que vêm do sul.

O vento forte deixou o mar agitado e o piloto do barco, sem tempo para atravessar a barra, acabou atracando na Ilha. 

Foi ali no Adriana, bem perto da prefeitura.


Acontece que quando ele estava encostando na praia, tomou uma onda em cima da embarcação e acabou indo à pique (isso quer dizer que ele afundou)!


Como era um barco camaroeiro, o porão estava carregado de camarão branco.

Era muito camarão mesmo. Camarão que não acabava mais.

Eu comprei camarão deles... E eles venderam por um preço bem barato naquela época.

Fizeram isso pra não perder a carga.


Enquanto ajudava, acabei conhecendo o mestre e os marujos. Eles eram de Santa Catarina.

Trabalharam a noite toda pra tirar todo o camarão do porão.

E o mar não dava trégua...


O mar foi batendo, batendo e batendo na lateral da embarcação... E o barco foi afundando...

Não deu tempo de tirar ele de lá. 
Tentaram de várias formas: trator, guincho... Mas nada deu certo!


Só tiveram tempo de tirar o motor e o resto ficou à mercê do mar.

E até hoje ele tá lá.
Afundou tanto que só aparece uma parte dele pra fora da areia... E esta história pra contar!


Foi assim que aconteceu... 

Tem dúvida???

É verdade, eu tava lá!!!


E quem viu e contou a história do Barco Afundado do Adriana, foi meu amigo Salé, pescador e morador de Iguape.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

O monstro do Ridiuna...


Quando eu era, ainda, um molecote cortei palmito por um bom tempo. Eu e meu primo 'passava' semanas no mato...

O lugar onde nós 'cortava' era bem longe de Iguape, umas oito horas de barco sentido Rio Una, ou Ridiuna que era como todos nós 'conhecia'.


Lá, nós 'ficava' acampado em um pequeno barraco. Desse barraco até o lugar de 'cortá' palmito dava umas duas horas de remo em uma canoa.

Todo dia nós 'passava' pelo mesmo lugar. Até então eu não sabia de nada...


Até que um belo dia vi quatro cruzes, uma do lado da outra, no barranco, no meio do nada. Então perguntei pro meu primo o que tinha acontecido ali naquele lugar.

Ele me perguntou: "Quer saber mesmo?"

E eu respondi: "Claro que sim!"


Foi aí que ele me contou que naquele lugar passou um barco de alumínio, era de turista, e eles 'tava'  pescando ali por perto. Tinha cinco tripulantes no barco e, de repente, o barco bateu em alguma coisa no meio do rio.

Acontece que naquele lugar não tinha nada pro barco bater. Nem banco de areia tinha!


Quando os tripulantes foram ver o que tinha acontecido pro barco parar apareceu algo muito assombroso 'praqueles' coitados...

A coisa apareceu de repente, muito rápido!

Era um bicho... Um monstro!


Quando o monstro atacou o barco, um dos tripulantes conseguiu fugir e se salvar. Ele disse que o que tinha atacado eles era nada mais, nada menos que um jacaré enorme ou crocodilo ou urura, como 'dizia' os antigos.

Ele não sabia direito que bicho que era, mas era grande mesmo... Enorme!


Depois disso procuraram e procuraram, mas não acharam nenhum corpo que fosse, o bicho comeu todos eles...

Mas, também, não encontraram o bicho... Rápido ele veio e rápido ele se foi.

E em lembrança aos mortos foi colocada aqueles cruzes lá no barranco. Em respeito aos falecidos.


Quando eu percebi nós 'estava' bem em cima do lugar do acontecido... Vixi eu gelei na hora.

Mas meu primo era muito experiente com estes 'assunto' de mato. Isso me deu um alívio!

Continuamos a passar por ali por muito tempo e graças a Deus nunca vi nada. Mas toda vez eu me lembrava da história e do danado do bicho comedor de gente...


E essa história é verdade 'verdadera', tanto que minha mãe que tem oitenta anos, disse que aquele bicho gigante morava ali mesmo, ela ouviu várias histórias de gente que cruzou com o bicho que assombrava as águas doces do Ridiuna.


Quem me contou esta história foi o Rogério, antigo pescador de Iguape.