Ao voltar de uma pescaria em Cananéia, há uns 15 anos atrás, eu e meu irmão resolvemos jogar a rede pra ver se conseguíamos mais alguns peixes.
Isso foi ali perto do Saco-Largo, que fica perto de Pedrinhas.
Bem, ao puxar a rede vimos que não tinha nada então resolvemos encostar em um barranco próximo à uma casa antiga.
Ali aproveitamos pra arrumar a rede e pegar água.
Enquanto a gente arrumava a rede, vimos um senhor, bem velhinho, se aproximando.
Ele perguntou: "Porque voceis tão aqui?"
Nós respondemos que só estávamos arrumando a rede e pegando água pra seguir viagem pra Iguape.
Rindo, o senhor disse: "Hoje o vento não tá bom pra pesca! Vento sul-oeste deixa a água muito clara".
Então todos demos risadas e ele foi se afastando pelo barranco. Em questão de minutos, sem que a gente percebesse, ele sumiu...
Desapareceu, foi embora como o vento que soprava naquele dia.
Eu e meu irmão nos olhamos, pegamos o galão de água e seguimos na direção da casa onde ele nos disse que morava. Ela ficava bem próxima, no barranco.
Quando chegamos na casa, vimos que ali, não deveria morar ninguém. A casa estava abandonada, com muito mato alto ao redor como se não aparecesse ninguém por ali há muitos anos.
Não entendemos nada, mas era hora de voltar para a embarcação e fomos embora.
Já na embarcação, seguimos por uns 700 metros, até onde encontramos uma casa pra poder pegar água.
Lá conversamos com o dono da casa, contamos mais ou menos o que tinha acontecido e ele riu dizendo que ali não morava ninguém e que o dono já tinha morrido há uns 30 anos.
Eu e meu irmão nos olhamos sem entender e eu resolvi perguntar como era o dono da casa, aquele que já tinha morrido.
Ele me contou que o dono foi um velhinho muito amável, de olhos muito azuis e longos cabelos brancos.
Olhei pra cara do meu irmão e dei uma risada.
O dono da casa, sem entender nada, me perguntou porque da risada. Achei melhor nem falar nada porque o velhinho que ele me descreveu foi o mesmo que vimos e conversamos...
E quem iria acreditar não é mesmo?
Depois dessa, nos despedimos e seguimos viagem para Iguape.
E, até hoje, eu acho que aquele velhinho fica por ali cuidando da sua humilde casa, mesmo depois de morto!
Quem me contou esta história foi o Rogério Gomes.
Hoje ele não vive mais da pesca, mas me disse que tem história pra me contar até envelhecermos...